Um monte de amor

O amor subiu a montanha
Chegou ao topo, feliz
E ali ficou por um bom tempo
Contemplando a beleza
A grandeza de tal ato, é fato,
Deixou-o orgulhoso de si
Mas, o amor é incoerente
E de repente sente
Lá em cima, momentos depois,
Que ali não é seu lugar
Ele é do mundo, da vida,
De todos e de qualquer um
Lá na cumeeira, à beira,
Perguntou-se e agora?
Vou pra onde, se aqui é o limite?
E perdeu o brilho nos olhos,
Ficou frouxo, chocho
E então desceu, coxo,
Meio manquitola
Desequilibrou-se, perdeu o prumo
E meio sem rumo
Rolou a ribanceira, ralou-se todo
Na queda, no tombo, no escombro
Ganhou mais uns arranhões
Como se ainda tivesse poucos
Apoiando-se nas pedras, nos tocos
Já cego, tateando o caminho
Chegou no fundo do poço
Sozinho

O amor, se antes soubesse
Que seria tão difícil,
Teria ficado lá no alto
Ou teria dado um salto
Arrependeu-se, e agora?
Chora? Faz hora? Quer ir embora,
Mas pra onde, amor?
Melancólico, mambembe e minguado
O amor pôs-se de lado e ali ficou
Por pouco tempo, é verdade
Pois qualquer um sabe
Que o amor só faz amar
E sem mais tardar lá estava ele
Caçando, fuçando, escarafunchando
Todo canto e toda parte
Em busca de uma nova montanha
Ou então que fosse um monte,
Ou morro ou até barranco
Que pudesse escalar
Com tanto esforço e tanto esmero
Começando do nada, do zero
Pra dizer te quero, te espero
Veja, lá se vai ele de novo,
O amor!
Cansado, surrado, ferido
Mas, ainda assim decidido
A começar tudo outra vez

Celso Garcia

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