Volta

Adeus, cidade árida
Casa sem lar
Toca.
Deixo-te sem remorso
Cansei dessa existência
Torpe.
Não quero mais viver
Com coração apertado
Seco.
Corpo moído, osso doído
No estômago
Soco.
Há tempos perdi a curva
Do sorriso nos lábios
Retos.
Sem poesia ou melodia
Refém do cotidiano
Duro.
Sem tempo, sem rumo
Sonho estilhaçado em
Cacos.
Não mais caminharei
Entre prédios altos
Oco.
Não sou metropolitano
Nem pós-moderno
Fato.

Cansei de ser a planta que brota e resiste entre as rachaduras
Do inóspito concreto das calçadas e muros farpados
De agora em diante, volto a florescer
No chão que me viu nascer
Entre outros como eu
Feliz por estar
Vivo.

Celso Garcia

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