O Coração Livre

Muitas são as paisagens que se pode observar na viagem entre Madri e Toledo. Tantas que, se você for um bom observador, saberá que sempre existe algum detalhe que não tinha notado antes. Além, claro, de haver muitos modos de percorrer esse caminho. Não que todos sejam “aconselháveis”, mas, digamos que os pitorescos atraem mais o bom espectador.
Eu sou o Caio, e sou um desses exímios analistas de detalhes. Vivo de rodear o mundo com minha mochila multiuso e minha amada e inseparável câmera de estimação. As fotografias são minha vida. Viajar colhendo imagens é o que eu mais gosto de fazer. Por isso fiz jornalismo. Por isso me especializei em fotografia. 
Naquele trajeto entre a metrópole Madri e a medieval Toledo, eu só queria colher a “premiada” que persigo há tempos. Aquela era para ser apenas mais uma viagem com imagens em detalhe que nos deixam boquiabertos. Os detalhes de uma flor que desabrocha à margem da rodovia. As belezas do panorama irrepreensível. A singeleza dos animais que cruzam comigo, involuntários, pelo caminho. 
A cada novo monte que se desenha pelo trajeto, paro meu carro, claro, de aluguel, e miro a câmera para captar aquela imagem. Não basta apenas o monte e as já poucas matas. É preciso ter um conjunto expressivo que contempla o céu e a luz que vem do sol, num arranjo único, desses que deixam qualquer pessoa sem fala. 
Modéstia à parte, sou um fotógrafo exigente. Minha lente capta visões incríveis. Além da rica paisagem que tanto aprecio, esses animais, que já disse, fazem parte da coleção que possuo. Se você olhar o meu portfólio, se deparará com imagens surpreendentes colhidas na África, no sudoeste asiático, e em muitos lugares a América.
Mas não gosto apenas disso. Já fui capaz de me meter em uma guerra para fotografar. Loucura, alguns dizem. Pode até ser, mas para mim isso é trabalho, pois vivo de vender as imagens para jornais e revistas. Sou um dos repórteres fotográficos bem conceituados pelo mundo. Um brasileiro que ama o que faz e que soube fazer carreira internacional naquilo que mais gosta. Isso é importante ressaltar, num mundo onde estamos acostumados a ver muita gente deixar o país para viver em subempregos nos ditos desenvolvidos.
Mas, embora conceituado, jamais venci um concurso de imagens internacional. E eu persigo isso como o ar que respiro. Tenho um faro apurado, é verdade, e reiteradas vezes fico entre os melhores, mas volta e meia alguém acaba me desbancando. Olha, eu não desisto, mas o negócio tá bem complicado. Sou persistente. Não me dou por vencido tão facilmente assim. Brasileiro, né... E isso é um diferencial louvável.
Essa viagem até Toledo é curta. Um trajeto que pode ser feito rapidamente de trem, por exemplo, mas que é bem melhor quando o objetivo é admirar o horizonte. Eu sempre demoro o dobro do tempo para chegar ao destino. Mas tudo bem. É por uma boa causa. Se estivesse nesta minha posição, acho que do mesmo modo você agiria. Por isso tudo é que “Caio Amorim” é um dos nomes mais conhecidos do mundo da fotografia. 
A persistência e o amor ao meu trabalho é chave para o sucesso.
Eu sou simplesmente apaixonado pelo que faço!

Leonardo Távora

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