Olá, pessoal! Chego ao ultimo mês do ano com muito que comemorar. Este espaço ganhou visibilidade, e o que são não mais que elucubrações de um jovem escritor têm conseguido atingir os corações de quem as lê, e isso me encanta, me fascina, e me faz ter cada vez mais gás para escrever esses universos fantásticos que, ao menos nos comentários, são muito bem quistos. Vocês não têm ideia de como eu fico feliz quando leio um comentário de alguém que se sentiu intimamente tocado por meus textos.
Este mês, ao invés da coluna “Beleza pela internet”, eu gostaria de inaugurar uma nova seção, que deverei intercalar com a promoção de amigos blogueiros de qualidade que sempre apresento no inicio de cada novo mês. Hoje falarei de “Música que encanta”. Para inaugurar, quero mostrar uma canção que tenho como a expressão do meu ser. Originalmente escrita pelo Uruguaio Carlos Sandroni, “Guardanapos de papel” foi adaptada por Lee Masliah de maneira magistral, e deveria ser tombada como hino dos poetas, pela beleza plástica da letra e da melodia, no que eu chamaria de casamento perfeito.
Leiam a letra, e depois procurem ouvi-la. Na minha modesta opinião, a melhor interpretação desta musica se deu na voz de Milton Nascimento, como uma das faixas do CD “Nascimento”. É profundamente tocante. Ouçam-na com a alma, e saberão o que eu digo.
Guardanapos de Papel
(Carlos Sandroni / Versão em português: Lee Masliah)
Na minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas
E sempre aparecem quando menos aguardados, guardados, guardados
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Onde vivem com seus pares, seus pares, seus pares
E convivem com fantasmas multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas, partidas
Entre mortos e feridas, feridas, feridas
Mas resistem com palavras confundidas, fundidas, fundidas
Ao seu triste passo lento pelas ruas e avenidas
Não desejam glorias nem medalhas, medalhas, medalhas
Se contentam com migalhas, migalhas, migalhas
De canções e brincadeiras com seus versos dispersos, dispersos
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos, projetos, projetos,
Que jamais são alcançados, cansados, cansados
Nada disso importa enquanto eles escrevem, escrevem, escrevem
O que sabem que não sabem, e o que dizem que não devem
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
Como se fossem cometas, cometas, cometas
Num estranho céu de estrelas idiotas e outras, e outras
Cujo brilho sem barulho veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
De palavras retrocedendo-se confusas, confusas, confusas,
Em delgados guardanapos
Feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
Que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
E sendo eles poetas de verdade enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas
Lançadas ao espaço e ao mundo inteiro, inteiro, inteiro,
Fossem vendo pra depois voltar pro Rio de Janeiro
Nossa...é verdade! Não tem nada mais gratificante do que alguém mostrando que aquilo tocou. Lembro até hoje da primeira vez que alguém chorou na minha frente lendo um texto. Isso é muito bom, dá sentido, dá forma ao que fazemos.
ResponderExcluirContinuemos, então?
Sucesso!
Linda música... Não conhecia. Só não sei se de fato os poetas não desejam realmente glórias e medalhas...rs!
ResponderExcluirMuita confusão na matéria acima.
ResponderExcluirO autor da letra e música Biromes y Servilletas (canetas e guardanapos) é o músico uruguaio Leo Maslíah. Essa música foi lindamente adaptada em português (Guardanapos de Papel) por Carlos Sandroni, compositor carioca e interpretada por Clara Sandroni (irmã de Carlos Sandroni) no disco dela de 1989. Portanto, exatamente o contrário do que foi dito acima.