A prece do operário

Demora pra chegar,
Mas sempre chega
Vem devagar, de mansinho
Conta-gotas, aos poucos
Como qualquer coisa boa
Que faça jus ao nome Alegria

Passa rápido, voando,
É bem verdade, uma pena,
Há quem peça, até implore,
Por mais tempo, “fica, tá cedo”
Mas, fosse abundante fartura,
Talvez daí não teria tanta graça

Ah, o fim de semana
Para os íntimos, fds!
Uma noite e dois dias
De descanso para si
De descanso do mundo
Tempo pro que se há de fazer

Já diz o dicionário
Que o antônimo de fds
É segunda-feira, dia modorrento,
Dá urticária só mencionar
O saudoso fds morreu, coitado,
Segunda, portanto, estamos de luto

Na terça, dia xoxo,
Acostuma-se à ideia,
“Há males que vem pra bem”,
Daqui a pouco, vai ver,
Nasce um outro fds, novinho,
E eis que a quarta-feira chega

Dia morno, a tal quarta,
Mais pra lá que pra cá
Ainda é o meio da semana
Porém, ao contrário do que diz
A fria e burocrática matemática,
Uma quarta é mais que uma terça

Felizmente o tempo não para
Chega aquele dia de quinta
Agridoce, lusco-fusco,
Quase lá, mas não é isso ainda,
O peito bate de ansiedade
Na cabeça, sonhos por dias melhores

Que chegam junto com ela,
A sexta-feira, dia longo,
As horas não passam
Olhos no relógio
Pensamento em outro lugar
Lá no fim do expediente

Quando, aí sim, começa tudo de novo
Aproveita que é por pouco tempo
Chama os amigos, a família,
Vai paquerar, passear, cuidar da vida
Da sua vida, que da vida dos outros
Você já cuidou a semana toda!

Celso Garcia

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