"Stella Maris"

Os portões de vidro do aeroporto se abriram lentamente. E quase que num modo automático, ouço as primeiras notas músicas de “Stella Maris”. Talvez a música saísse de dentro de mim, talvez, das caixas de som espalhadas por todo o local. Mas eu ouvia, nitidamente, como se Moby estivesse ali.
Juntava fortemente minhas mãos contra o peito, tremia, ensaiava um sorriso nervoso.
As pessoas passavam indo pouco a pouco a encontro dos seus.
Eu não sabia como seria seu rosto, apenas suas características, e cada um que passava por mim e que correspondia as suas dimensões, fazia meu coração parar.
Mal a música já estava no 1 minuto, e eu sentia lágrimas saindo dos meus olhos lentamente. Como se não bastasse a forte miopia, agora minha visão estava embaçada também.
Algum tempo se passou, e os que estavam perto de mim já iam em direção da saída, e eu, permanecia em pé.
Será que ele havia desistido? Será que ele não veio? Será que aconteceu algo com ele? Será?
Perguntas e mais perguntas se faziam em minha cabeça. "Stella Maris" me fazia chorar, imaginar que poderias não estar ali me fazia chorar também, imaginar que estavas ali me fazia rir e chorar. Eu me encontrava louca, em pé, sozinha, chorando no meio do aeroporto.
Poucas pessoas ao redor, algumas esperando pelo próximo vôo, até que... Um rapaz alto, magro, muitíssimo branco cruzou o portão.
Segurei na barra do meu vestido quando o vi sorrir largo. Queria correr em sua direção, mas não conseguia, havia travado.
E chorava, chorava, sorria. Não conseguia sequer enxugar minhas lágrimas.
Parou, bem na minha frente... Este, que antes estava a mais de 610km de mim, neste exato instante sorria, ali a 10 centímetros do meu corpo, era real.
Me abraçou, porque talvez estivesse imaginando que eu não conseguiria fazer isso sozinha.
Parecia estar calmo, mais calmo do que eu.
Balbuciei seu nome por entre soluços, respirei pesadamente, solucei mais. Ele me acalmou, me trazendo para o mais perto dele possível. Me fazendo sentir seu perfume, a textura do seu rosto. Me invadindo com uma paz que nem ele fazia idéia que tinha...
"Stella Maris" estava no fim. E isso significava que deveríamos sair dali.
Suas mãos escorregaram devagar até minha cintura, e cada uma delas pousou em minhas mãos.
A voz grave e conhecida disse: - Vamos sair daqui? –
E saímos. E fui. E sumi do meu mundo, e me achei no dele.
Andresa Alvez

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