"E quando você se dá conta, quase todo mundo já sabe até como você é por dentro... Literalmente"
Sempre aparece alguém puxando a barra da minha calça pra cima, ou pegando na minha cintura e levantando a minha camiseta... Não, não é sexy e eles não querem fazer nada de mal comigo. Eles apenas querem ver o meu lado mais bizarro.
Se ficam espantados, porque pedem pra ver? Mas, é como diz minha irmã "a curiosidade matou um gato!" No meu caso, já matou pelo menos uns 100!
Eu sorrio, mas no fundo, eu quero mais é gargalhar.
Desculpem-me os curiosos, fuxiqueiros e intrometidos, mas é quase divertido pra mim.
Os médicos eu entendo, não tenho mais vergonha nenhuma deles... Dão-me aquela camisola branca enorme, que em mim, vira quase um vestido de gala.
E como se fosse uma "super modelo", começo a desfilar pelo consultório médico.
Sempre acabo fazendo alguma coisa para desviar a atenção deles. Como uma vez, em que quando eles decidiram parar de "me olhar" para fazer suas anotações, eu me sentei no chão, até que meu ortopedista perguntou: - Está tudo bem, Andresa? - E eu respondi prontamente: - Está sim, Doutor. É que cansa ficar em pé enquanto vocês anotam né? - E alguns sorrisos se formaram...
Os olhos clínicos me examinam. Ordenam que eu sente com as pernas cruzadas, que eu dê mais umas voltas, que eu fique na ponta dos pés. Faço e refaço, não custa nada né? Pelo meu bem, e pelo da medicina, é claro.
Perguntam da minha alimentação, quantas horas eu durmo, se eu tenho vida sexual ativa, se eu tenho namorado, onde sinto dores, se já tive ou se tenho espasmos... Sinto que às vezes, eles sabem mais de mim do que minhas melhores amigas.
Fitas métricas, trenas, réguas... Eles usam de tudo pra me medir. Tudo tem que ser feito de forma perfeita! As perguntas têm que ser respondidas corretamente, os exames tem que estar sem nenhum erro! Mas, ainda assim, eu não consigo levar tudo tão seriamente... Acabo sempre soltando alguma piada, ou me esquivando das perguntas mais íntimas. Eles insistem, é claro, e às vezes "entram no meu jogo" e acabam rindo comigo...
Anestesias, agulhas, cortes. Alguns buscam a perfeição, eu procuro só viver. Só que pra viver, eu precisei me marcar, e do meu lado de fora... Acho que essas "marcas" em mim, servem para me fazer lembrar todos os dias tudo que eu passei, e lembrar de ser grata a quem me deu tudo isso.
Enquanto existirem olhares curiosos, dedos me apontando na rua, pessoas querendo ver todas as minhas cicatrizes eu vou andando... Expondo-me, e dando risada de tudo. E de todos.
Ora sou cobaia, ora sou bizarra, ora sou atração. Mas, por agora, prefiro ser modelo, mesmo que seja de médicos. Mesmo que seja de uma perfeição que ninguém quer ter, mas que eu Amo. Que é única, e só minha!
Andresa Alvez
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