Foi só mais um carnaval

Abriram-se as cortinas e a festa começou. Espalharam-se pelo ar o resplendor e a esperança de triunfo. Bendita felicidade que inundou um mar de inocentes poetas cotidianos. Era carnaval!

O sol apareceu e emprestou à festa seu imponente calor e aconchego. Todos se acotovelavam na mais perfeita desordem. Abraços e beijos se misturavam. Os sorrisos tomaram conta das ruas e cada uma delas se encheram de povo. Alguns não viram, mas era carnaval.

A água refrescava os foliões. Sem importar a idade, todos pulavam de alegria, de exorcismo de maus agouros. Ritual ou não, cada um se benzeu como pode na expectativa do não fim. Nosso povo estava em festa. Era carnaval!

Passou pra lá um grupo de desavisados, o bloco dos iludidos. Cantavam felizes e pareciam não perceber. Mais tarde constatariam o céu nublado. Dia após dia, o dia se fez noite e na penumbra ainda havia o que se comemorar. No Brasil, era carnaval.

Felizes são aqueles que sabem sambar? Só sei que sambavam. Com vontade, disposição e até se acabarem. Chegou, por fim, a quarta de cinzas. A música parou, o sol resfriou, o clima mudou. Abriram-se os jornais. Olhos marejados. Foi só mais um carnaval.

Gustavo Dias

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