Às vezes, a gente acha que tem tudo controlado. Um planejamento invejável, um dia organizado e com tudo para ser produtivo. Tudo vai dando certo. Até o texto da semana já tem tema definido e ideias no rascunho.
Ele te chama e mostra um papel cheio de rabiscos e duras palavras.
Isso basta.
Se um ato violento fere o corpo, destrói a alma uma palavra mal colocada. Mal falada. Mal dita. Maldita. Verdadeira maldição.
Quando tudo começa a tomar um rumo, o atalho tentador leva para a estrada bloqueada. E, a partir dali, fica ainda mais difícil (impossível) retomar o caminho. Uma taça quebrada nunca mais se enche de vinho. A confiança arranhada é para sempre arruinada.
Aquele que sofre guarda no peito a dor de ver, a cada dia, aquele que fez sofrer.
Sofrimento, dor que passa. Passa, mas deixa rastro. Rastro de desconfiança. Desconfiança que confunde e fecha. Fecha para o mundo e isola o outro. Outro que não percebe o dano que causou.
Pior que o ríspido olhar é um riso mascarado que, por fim, é malicioso e falso.
Dos males do mundo, a falsidade talvez seja um dos piores. Ela manipula, sufoca e, ao te levar aos cantos mais profundos do pensamento, esfaqueia.
E saboreia cada facada, desfrutando a agonia de sua vítima. Olhando, superior, com ares de vitória, o brilho sumir da vista do esfaqueado, que cai, frio, ao chão sujo da verdade. Aquela verdade revelada quando já era tarde demais.
A falsidade seduz aquele que a pratica e aquele que sofre por ela. Seduz e conduz. Cria e realiza. Constrói a ponte e remói suas bases. Leva ao alto, empurra e não segura. Faz ressurgir e cair.
E, nessa falsa realidade, os dias passam. Pessoas passam. Verdades ficam.
O que você construiu, permanece. Ou não. Depende da sua fundação. Ela era de verdade ou apenas mais uma mentirinha?
Marina Messias
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