Da tarde

A brisa da tarde entrava pela sacada, a brisa da nossa cidade. Passando pelos meus pés, pernas, coxas, alcançando onde só tu alcançavas e me provocando um arrepio. O mesmo arrepio que você sempre soube bem como provocar.
- Está frio... – Você disse enquanto esticava o braço para me envolver.
Sua pele me deixava em paz, o simples toque dos teus dedos magros nas minhas costas me deixava assim. 
E mesmo isso já tendo acontecido mais de uma vez, eu sempre acharei novo, eu sempre acharei impossível.
Princesas de vidro no fundo, não são tão princesas assim. Elas não sabem que são flores, elas não acreditam que existem cravos para elas.
Eu não acredito que a vida me levou até você. Era como se você fosse bom demais, um sonho, ilusão, uma completa mentira... para mim.
Mas eu não falaria sobre isso, e se eu falasse, você talvez achasse exagero, ou riria de mim, ou faria uma careta para que eu risse junto.
Olhei para o céu e comecei a pensar nos meus problemas. E naquele instante, eles pareciam tão pequenos, tão... Inexistentes! Sorri involuntariamente ao imaginar que o tempo poderia parar.
Você vasculhava meu celular a procura de músicas e eu gostava de te olhar daquele jeito. 
- Tão natural quanto beber água! - Uma cena tão palpável do futuro quanto imaginávamos.
Eu tentei pensar no que você pensava, tentava entender o que você sentia enquanto sorria. Ou, como seus olhos brilhavam, como você gostava de brincar com a minha pele.
Era acalentador imaginar que alguém, num mundo tão grande, não via o que eu via no espelho.
Era incrível imaginar que eu era algo importante para alguém. E que esse alguém, era do sexo oposto.
Tê-lo era como a sensação que se tem quando se dá um longo suspiro. É calmante!
Os problemas voaram para longe, atravessaram a sacada e morreram afogados no mar. 
Não existia nada de mal ali. Não existia nada que atrapalhasse... Era somente nós dois, e algo que tinha no ar.
Eu queria quebrar todos os relógios, eu queria que o futuro chegasse duma vez.
Você tem o poder de fazer todos os meus problemas desaparecem. Eu não sei como, mas você tem.

Andresa Alvez

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