Passei correndo pela porta do quarto e me certifiquei que essa estava bem trancada.
Me joguei no colchão que estava no chão. Ao meu lado, dormia ronronando sua gatinha... Dormindo era um anjo. Só dormindo.
O barulho da torneira no banheiro da suíte me fez entender que logo ele sairia dali, mas ainda assim continuei a verificar minhas redes sociais pelo smartphone.
O olhar assustado me mediu assim que abriu a porta. Desliguei meu celular colocando-o na cabeceira e olhei fixamente para ele.
Aquela carinha de quem fingia estar assustado mas que sabia minhas intenções...
- Você me matou de susto! – Disse.
- Ah pára! Você fica se fazendo de “Sr. Difícil” pra mim a tarde inteira, isso cansa sabia?...
Eu queria entender porque você faz isso! Você tem exclusividade sob mim e fica agindo dessa forma... – Comecei a falar sem parar, normal.
- Eu me fazendo de difícil? – Fez cara de indignação!
- Sim. Você! – Afirmei brava.
- Mas, me diz o que você quer? – Ele fez a pergunta.
Ali, ele decretou: Que comecem os jogos!
- Você sabe o que eu quero... – Comecei a falar tentando me mostrar tranqüila com a situação.
- Se eu soubesse não perguntaria. Me diz, o que você quer?
Seu olhar agora não era mais o mesmo, e sua postura também não. Ele sabia o que eu queria.
Como eu citei uma vez em outro relato meu “Ele sempre sabe.” Até porque, eu sempre quero a mesma coisa. A única coisa que muda é a sensação. A cada dia que passa se torna mais intensa, mais gostosa.
- Me diz, logo! O que você quer? – Três vezes? Ok, isso já é demais!
- Eu quero que você me beije! É isso que eu quero! – Respondi. Finalmente respondi.
- E porque você não disse isso antes?
Sim, eu fiquei surpresa com a última frase que saiu de sua boca.
Não consegui pensar, quando vi já estávamos nos beijando. O nosso beijo! Sempre na mesma sincronia, com a respiração descompassada. Tudo certo e errado.
Desenhos se formavam em meus braços e pescoço. Eu desenhava em suas costas.
Os segredos de liquidificador eram ditos ao pé do ouvido. A única coisa que eu conseguia pensar era que eu não queria que aquilo acabasse.
Se eu pudesse parar um momento da minha vida e fazê-lo durar para sempre, o momento seria esse. Ali, naquele quarto branco.
Eu encontrava Amor ali. Desejo, vontade, carne. Ali eu não precisava de muito.
Algum longo tempo depois que para mim parece ter passado em um minuto, ele me colocou sentada sob suas pernas, mordeu meu joelho (causando arrepios) e beijou meu pescoço.
- Nós parecemos um casal... – Disse enquanto sentia meu corpo soltar ondas eletromagnéticas.
- Mas nós não somos. – Respondeu.
E ouvir isso doeu, fazendo as ondas cessarem e aquela sensação leve ir embora devagar.
Beijou meu ombro e me puxou para deitar. Fez aquela expressão e me olhou como quem se perde.
- Tem que ser você! – Afirmei querendo chorar.
- Porque tem que ser eu? – Perguntou sem olhar.
- Porque é você que eu Amo. Porque você me aceita, me faz crescer... Porque eu não sei ver outra pessoa no seu lugar...
O silêncio se fez. As ondas eletromagnéticas começaram a voltar... Meu corpo pesava.
Me puxou para um beijo, um último beijo.
Me pegou pela cintura, enroscou suas pernas nas minhas e beijou. Eu sabia que acabaria ali.
- Quer ajuda pra levantar? – Me perguntou enquanto eu arrumava meus cabelos...
- Não não, eu me levanto sozinha...
A verdade é que e não queria sair dali. Que eu não queria ajudar para levantar e MUITO menos me levantar. A verdade era que eu queria mais! Eu queria mais duas horas daquilo tudo, daquela rendição, daquele Amor... Do nosso Amor inexplicável, sem medidas, que tem despertador,que escolhe dia para acontecer, que é do nosso jeito. Amor ofegante, que engole, que joga fora, que guarda dentro do peito e fica trancado.
Ajeitei meus cabelos, levantei sozinha e caminhei em direção a cozinha. Pronto, um conto.
Andresa Alvez
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