Pequena Confiança

Medo é um dos piores sentimentos do mundo. Existem muitos outros sentimentos ruins que gostaríamos que não existissem. Mas, os piores para mim são o Medo e a Saudade. Saudade não faz mal, mas machuca a alma de quem sente.
Saudade é vazio, é ausência. Medo é presença, é calafrio. Ambos os sentimentos estão se fazendo presentes na minha vida. Saudade se faz desde sempre. Saudade de quem está longe, de quem foi embora, de quem eu precisei deixar ir. Saudade de quem está perto, de quem não vai mais voltar. Saudade do passado, do antigo eu. Saudade do ontem. Do julho, do dezembro, do maio.
Saudade pura.
Medo por sua vez me assusta. Escrever essa palavra me deixa arrepiada.
Assim como cresci sentindo Saudade, cresci também sentindo medo. Medo de me machucar sem querer, medo de machucar minha alma. Medo de não andar, de não passar de ano no colégio. Medo de ficar sozinha, de não ser feliz, de não alcançar meus objetivos. Medo de resultados de exames, de cirurgias que poderiam não dar certo. Medo de perder o Amor da minha vida, medo de perder. Medo estampado nos olhos. Medo escrito na minha testa.
Posso ser corajosa por um lado, e às vezes, até parecer orgulhosa, mas no fundo, não passo de uma criança medrosa que chora quando se vê perdida.
Sabe quando você sente que tem alguém ao seu lado, e então você olha e vê que não tem ninguém ali, mas aquela sensação persiste? Sinto-me assim.
Não tem uma pessoa ao meu lado, tem apenas medo. É como se agora, enquanto eu escrevo, ele estivesse ao meu lado direito, olhando por sob meu ombro e lendo tudo isso, e ainda assim não quisesse ir embora.
Como não posso vê-lo, também não posso puxá-lo pelo braço e o jogar na rua. Sentimentos não são como pessoas, não adianta berrar com eles ou ignorar, eles estão ali, ao seu lado. Ou melhor, estão dentro de você.
E, apesar de o medo ser grande, alto e estar muito próximo de mim, ao meu lado esquerdo por sua vez, sinto alguém mais baixo que eu, estando na ponta de seus pés olhando isso que estou escrevendo. A confiança.
Minha confiança parece ser uma criança que é bem mais forte que eu. Ela sim pode pegar o medo e mandá-lo embora. Mas, ela não pode fazer isso sozinha, ela precisa crescer para isso acontecer. Ela precisa de mim.
Enquanto o medo for mais forte que a confiança, ele será sempre mais alto, e estará sempre me observando. E estará aqui.
Depende apenas de mim mudar isso. Depende de mim permitir que a confiança cresça.
Para que assim, o mais rápido possível, ela possa pegar o medo pelo braço e expulsa-lo daqui.
E então, ele nunca mais vai voltar.

Andresa Alvez

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