As belezas pela internet: "408 verdades"

Para mim é um motivo de alegria quando posso citar um blogueiro que escreveu algo bacana todo início de mês. Melhor ainda é quando esse mesmo blogueiro reaparece aqui, porque escreveu outra coisa ainda mais encantadora. Assim é com a Dayana Nóbrega, do Lemon Drops, que me surpreendeu com um belíssimo texto falando em primeira pessoa. Se falava dela ou não, não é o objeto da leitura. O legal de coisas assim é que podemos ler esse texto como se nós estivéssemos falando aquelas coisas, de tão inseridos que nos sentimos na história que é contada. Claudio Rizzih, que colabora aqui no Literatura Exposta, é mestre de escrever assim, em primeira pessoa. Quando você lê, é como se você estivesse falando tudo isso. Não nos sentimos leitores, mas parte da leitura. 
Então, boa leitura!

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408 Verdades
por Dayana Nóbrega

Eu sorrio para o mundo, porque não posso sorrir pra você. Não posso porque você finge não ligar pro meu sorriso e insiste em repetir milhões de vezes para si que isso que você sente não é legal, esse não é você, não pode ser. Não, não é você. Esses somos nós, e o nós simplesmente não existe. E como não vê isso? Como não vê se é tão claro que eu também não suporto isso tudo, eu não suporto você não perceber que eu suportaria você. Sim, eu suportaria você como você é, porque eu adoro você assim, querido, eu te adoro mais que você e seu cachorro.
Não há um nós, independente da nossa vontade ou da nossa permissão. Somos muito nós mesmos para sermos nós dois. Não é culpa minha, não é culpa sua, é culpa nossa. Isso sim é nosso, a culpa. Culpa de não fazer nada, mas morrer de vontade. Podemos não admitir, mas sabemos como nos sentimos um perto do outro, sabemos tudo que lembramos quando chegamos mais perto, sabemos que sentimos algo errado. Sabemos, isso é certo! Sabemos e não fazemos nada, porque não há nada a fazer. Então, meu amor, não faça nada, apenas não evite. Permita que isso seja amor, seja desejo ou seja o que for, permita que sobreviva, mesmo que com respiração lenta. Sinta minha respiração lenta. Sinta, meu amor, me sinta. Sinta que eu falo com você, sinta que eu falei com você esse tempo todo e nem por um segundo você sentiu meu hálito quente ao pé do ouvido.Ah, meu querido, se você soubesse como isso poderia dar certo. Vamos! Arrisque! Coragem! Não vê o quanto faço pra te mostrar que pode ser tão mais simples se nos rendermos, ainda que fingindo não nos importar? Não vê o quanto esperamos por isso? Não está provado que o tempo não o fará passar? 
Abra mão do teu orgulho, largue de lado teu cuidado, ponha a cara no mundo, lance-se por inteiro, viva isso comigo, viva comigo, viva, deixe-nos viver. Não te peço tanto, não te peço amor, não peço compromisso, não te peço um filho ou um pedaço de terra pra morar. Eu te peço coragem e confiança. Confia em mim? Eu vou esperar, esperarei como uma criança espera por um brinquedo. Não precisa esperar minha aprovação, apenas faça, sem medo da minha reação, pois não passaremos disso: não passaremos de crianças, não passaremos de brinquedos.

3 comentários:

  1. Dayana,

    Gostei do texto. Embora,com um pouco menos de pessoalidade, talvez...me encantaria mais.

    Continue escrevendo.
    Tudo de bom.

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  2. Ah, Leo, muito obrigada! Você é sempre muito querido, obrigada mesmo, uma honra ter meus textos publicados aqui!
    Thiago, vou anotar sua dica, mas por incrível que pareça, esse "eu" também não sou eu,rs. É claro que vou continuar escrevendo, continue lendo e me ajudando com suas opiniões lá no blog. Beijos!

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