O astronauta

Quando deu por si
Estava sozinho no espaço
O astronauta

Ao redor, nada
Nem ar, nem som
Nem amor, nem ninguém
Acima da cabeça, o vazio
Sob os pés, idem

Quando viu a Terra
Tal qual bola de gude
Chorou, o astronauta

Todas as pessoas
As que conhecia e as que não
Cabiam lá dentro, invisíveis
No imenso planeta minúsculo
Todos tão longe, intocáveis

Quanto mais se afastava
Rumo ao fim do cosmos
Mais divagava, o astronauta

De onde viemos
Pra que viemos?
E se é que há motivos
Por que somente nós
Neste infinito estamos vivos?

Já perto da última esquina
Onde terminava o universo
Temeu, o astronauta

Após tão longa viagem
Imaginou se haveria no fim
Por trás daquela cortina escura um deus?
Suou, tremeu, quis voltar pra casa, alguém o esperava
Pra receber, uma última vez, os beijos seus

Celso Garcia

Nenhum comentário:

Postar um comentário