Saudades do que não existe

O cheiro de tempero que vem da cozinha denuncia que o almoço está perto de ficar pronto. O som do aspirador que vem do segundo piso diz que minha irmã está arrumando os quartos.
O som que vem dos meus olhos diz que eu estou sozinha, e que eu não queria estar.
Aperto meus joelhos enquanto imagino como seria bom ter você aqui, sentado tocando violão bem na minha frente.
De tempo em tempo sorrindo, fazendo alguma piada para me fazer sorrir, mesmo sem existir necessidade disso. 
Perto de ti eu não preciso de outros motivos para que um sorriso exista, você já é o responsável por ele. 
Você é o meu sorriso. Você poderia ser ele hoje...
Imagino como eu adoraria te fazer feliz, como seria incrível ser a pessoa que você tanto procura. 
Eu gostaria de poder te suprir, queria que você me suprisse.
Mas, a casa parece um pouco vazia já que não estás aqui. Tu nunca estivesse, mas eu gostaria que fosse o contrário.
Tiro as mãos dos meus joelhos e aperto meus dedos em sinal de nervoso, de ansiedade. De um algo que não vai acontecer hoje.
Arqueio minha coluna avisando que um desânimo está para vir. Suspiro pesado, um suspiro eterno, um suspiro que não existe palavras que possam dizer tudo que ele significa.
Relaxo os ombros e me levanto para ir almoçar, esse será mais um dia normal.

Andresa Alvez

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