Entrando

Tentei aspirar o máximo que pude seu perfume. Você estava irritantemente lindo! Tanto que supliquei para que andássemos por mais tempo, queria poder te admirar mais...
As luzes laranja deixavam teus olhos ainda mais claros. Eu me sentia segura de uma forma que não consigo explicar, que nem eu consigo entender.
Sentada de lado, com a cabeça recostada no banco ouvindo Cazuza, eu analisava seu perfil que foi desenhado de maneira minuciosa. O resultado de toda uma vida era perfeito.
Me faltava ar, me dava um certo desespero, um aperto no peito, uma sensação ruim e gostosa ao mesmo tempo. Uma vontade de te deixar ali e te ver andar durante a noite toda. Uma vontade de te beijar devagar.
Mas é claro que sendo sábado, seus comprimissos iriam bem mais além de me levar para jantar e terminar a noite com um beijo que você não me daria.
Você estava tão lindo que eu quase havia me arrependido de ter escolhido aquela roupa pra você usar...
Eu te olharia por sei lá, uma vida. Mas você me deixou em casa pouco antes da meia noite, me beijando ora a testa, ora as maçãs. Nunca meus lábios!
E seguiu seu rumo de um sábado badalado. Horas depois tuas pupilas estariam dilatadas e as minhas fechadas por conta da luz. Horas depois teu perfume ainda estaria na minha jaqueta ainda, nos meus cabelos e em parte do meu pescoço.
E eu me perguntava se algo meu havia ficado em ti...

Andresa Alvez

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