Olhos Fechados

O lugar tinha perfume de rosas, eu ainda não as tinha visto, pois estava de olhos fechados.
Na minha frente estava ele, em pé, segurando a ponta do meu dedo indicador. Algumas vezes, segurava seu pulso, e sentia os botões na manga do smoking, o tecido era macio, suave, e quase se igualava a pele dele. Eu sabia que era ele mesmo estando de olhos fechados. Eu sabia por culpa do perfume. O de sempre, é claro. Só ele e os bancos cheiravam a madeira ali.
Inconscientemente eu alisava meu vestido. Conforme passava minhas mãos, sentia as pedrarias nele, e cada detalhe que parecia ter sido feito com todo o cuidado do mundo. Eu ouvia alguém falar palavras que eu não conciliava; a única voz que me era nítida era a dele, que vez ou outra me fazia sorrir dizendo que me Amava.
Eu sentia debaixo de meus pés o tapete feito de folhas secas. Sentia a brisa leve soprar, e o sol esquentar minhas costas nuas.
A cada som, movimento, minha cabeça ia em direção de onde ele vinha. Mas eu não abri os olhos.
Eu ouvia alguns sussurros. Sentia alguém arrumar a parte de trás do meu vestido. E sabe que tinha alguém ao meu lado esquerdo, segurando um buquê de lírios. Eu sabia pelo perfume, mas eu não abri os olhos...
E no momento em que decidi abri-os, eu acordei.

Andresa Alvez

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