Assassinato

Deitei-me ao teu lado, nu das faces todas
Despido de tecidos e argumentos.
Salivei ao te ver sorrir, e te reconheci artista
Enquanto modelavas-me as linhas retas (ou tortas).
Dançamos ao som da ópera que brotava das frestas
Não que tenhamos realmente ouvido algo.
Mas há tantos violinos no nosso silêncio
Que é de fato um grande concerto a fusão dos nossos corpos.
E eu chorava enquanto beijava teus pés
E tu me recolhias as lágrimas.
Com anzol puxava-me o rosto
Para então estuprar meus sabores.
Reinava no desalinhar a boca
Os corações, os pelos e as desculpas
Procurando uma absolvição
Por tudo aquilo que num vão foi empilhado.
Nós éramos desta forma, os segundos, os minutos
O compasso, os cheiros, a tristeza e o gozo.
Concluí que eras tu a tarrafa, e eu a presa medonha.
Tamanho calor me fazia suar lodo.
Tu me Amavas e me mastigavas.
Eu te digeria.
Um processo sem demora
Por toda a geometria gustativa.
E eu então chorava enquanto tu me matavas
E em lapsos das dores, sorria, enquanto ia morrendo.
Eu Te Adoro em toda a parte.
Deus abençoe a sujeira.

Claudio Rizzih.

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