Amor pueril

Talvez se ele fosse mais velho ou
Simplesmente menos acanhado
Tudo seria mais simples ou,
Ao menos, não tão complicado
Mas, era o que era
Jovem, tímido, inexperiente
Pra essas coisas de amor
Ainda que amor inocente
Com o qual não sabia lidar
Na cama à noite se revirava
Metade ansiedade, metade agonia
Pensava em falar que a amava
Mas, não sabia se a ideia era boa 
Traçara vários estratagemas
Criara planos mirabolantes
Declarar-se não seria problema
A menos que ela dissesse não
Só de pensar em tal negativa
Um calafrio lhe subia a espinha
Voltava atrás, à estaca zero
Coragem definitivamente não tinha
E se mandasse flores?
Não, coisa fora de moda!
Email, tuíte, torpedo, mensagem inbox
De nada servia essa tecnologia toda
Lá vinha ela, virando a esquina
“É agora”, ele pensou
Ela se aproximou, ele nada disse
Outra vez amarelou
“Amanhã! Amanhã me declaro”
Mesma coisa que disse ontem
E no dia anterior, semanas a fio
E assim passaram-se meses também
Um amor tão sincero como o dele
Ficar aprisionado não podia
Precisava dizer “eu te amo”
Mas, hoje não. Quem sabe um dia?

Celso Garcia

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