O Vir

Lembro da barba mal feita e do jeito que segurava o cigarro. Quanto aos olhos semi cerrados (culpa da brisa) e o sorriso, eu nem entrarei em detalhes para que meu coração não venha parar de bater.
O colchão no chão acomodava bem todo mundo, era inverno e por conta disso podíamos ficar bem perto um do outro. Alguns entravam e saiam do quarto, mas ele preferiu ficar. Tudo bem, eu pedi, mas ele preferiu ficar.
Então ele viu semelhanças, roubou meu coração e levou para a cidade quente que era dele. 
Ele fez meu coração ser dele.
Me fez sorrir até a noite acabar.
- Você o beijaria? – Ora essa, que pergunta mais óbvia! Porque eu iria me importar com qualquer pessoa no mundo quando alguém havia me deixado tão leve como ele me deixou? Eu não saberia dizer não, eu não teria como recusar, e se o fizesse, certo seria eu ser internada! O sim era uma boa certeza para aquela noite de sábado.
Nunca fui com tanta vontade de ficar, nunca me entreguei tão fácil para uma pessoa que fazia menos de três horas que havia entrado na minha vida. 
E todo o tempo do mundo passou, afinal os relógios são traiçoeiros e não param de fazer seu “tic tac”.
Levaram ele de mim, pra bem longe daqui, trouxeram ele de volta, deixaram ficar, deixaram enrolado e eu permaneci. 
No fundo, eu sempre o quis, desde aquele sábado a noite de junho... Mesmo sendo diferente demais de mim, mesmo estando tão longe, mesmo eu não sabendo nada.
Via fotos periodicamente, pensava em escrever mas deixava a Saudade me matar.
Pouca coisa mudou nele, pouca coisa mudou em mim. A minha parte de dentro está parada, eu insisto no esperar, no ato dele de vir.
Ele (ainda) não devolveu meu coração.

Andresa Alvez

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