Do início ao fim

Início
Tudo se move
Tudo gira, tudo muda
Ao meu redor, o universo gravita
Grita, agita, e minha alma aflita tenta
Encontrar meu rumo, a direção certa a seguir
Atrás de algo, de alguém, sabe-se lá atrás do quê
Descubro: o universo que gira ao meu redor não gira ao meu redor
Sou mais um, sou grão de areia, pequenino, em meio a poeira de estrelas
Rodeado por tantos outros como eu, cada um com o próprio universo girando
Em torno de seu umbigo, todos tão perto de mim, mas tão distantes, sem me notar
O tempo é curto, a lei da vida é cruel, pois tudo o que sobe desce e tudo aquilo que vai, volta
Até que um dia tudo girará mais rápido, mudará mais depressa, afligirá mais minh’alma
Pois tudo será nada, quanto tempo resta, quanta vida falta nesse coração que bate
E então nada do que hoje tem sentido deixará de ser sentido, saudade e medo
À porta, um velho passado quer entrar, contar histórias do seu velho tempo
Tudo era melhor outrora, é tudo decadente agora, é melhor ir embora
Já está tarde, já passa da hora, a noite devora o dia sem pudores
O vento uiva, o lobo espreita, a hora do bote, a hora da morte
Outro grão de areia que volta a ser pó, serpente
Pecados contados, perdões pedidos
Paixões finadas, o ar que falta
A luz que apaga, silêncio
Nada mais gira agora
E assim tudo para
Tudo acaba
Fim

Celso Garcia

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