No Pescoço

Nossos pais usam, nossos avós usam, nossas bisavós usaram. E nós, se não usamos, vamos usar um dia, por mais que demore.
Não importa se são feitas de lata, ou apenas banhadas a ouro. Para quem as vê, tem um único significado: Fidelidade.
Algumas são vistas de longe. Quando seguramos a mão de alguém, cumprimentamos, acenamos, elas logo são vistas, não importa qual espessura tenha.
Com 20 primaveras de vida, já vi metade dos meus amigos e familiares com uma dessa no dedo.
É claro, é sempre o homem que dá o par para a mulher, ele usa uma, e ela a outra.
Tudo bem que eu acho que tanto faz a mulher ou o homem comprar, mas enfim, quem sou eu para contrariar a cultura não é?
Sempre desejei muito usá-las. Sou uma menina, e tenho sonhos que fazem jus ao meu sexo.
Mas, por motivos não citáveis, nunca namorei, e muito menos casei, então, apenas olhava aqueles círculos que brilhavam mais que meus olhos nas vitrines das joalherias.
Conforme fui crescendo, não fiz mais questão. Comecei a notar as verdades que nos cercam.
E vamos ser sinceros, não é um par de alianças caríssimas que me fará ser fiel ao meu cônjuge.
O que me fará respeitá-lo, Amá-lo e honrá-lo é o que eu sinto. É o que está dentro de mim e que ninguém vê. Logo, as alianças começaram a perder o seu valor, a se tornar algo substituível.
Desde sempre, encarei meu coração como um cofre. Esse é cercado de mil correntes, porém, tem apenas um cadeado nele.
Pensando dessa forma, alguém, para me conquistar por inteira, precisaria da chave certa para poder entrar no meu coração.
Quando encontrei meu verdadeiro Amor (Sim, acredite, eu não tenho 45 anos e já sei com quem poderia passar a minha eternidade. Lembre-se leitor, o Amor chega, não importa que idade você tenha!), decidi que não queria usar alianças. Nossa fidelidade não precisaria estar logo nas mãos, nos dedos.
Eu sei o que ele sente, confio nele. É recíproco. E isso é o que basta.
Então, depois de muito pensar, cheguei à conclusão do que gostaria e queria usar: Um cadeado.
Me chame de louca, eu não me importo. Com todo o orgulho do mundo, uso em meu pescoço, uma simples corrente contendo um cadeado, e ele por sua vez, usa a chave.
Talvez não tenha sido caríssimo como todos os anéis que vi nas joalherias, mas, todo o significado que esse simples pingente tem, não tem valor no mundo que pague.
Quando estou em frente ao espelho, quando toco em meu peito, logo posso sentir aquele pequeno pedaço de ferro que muito me vale, e sei que em algum lugar do mundo, longe ou perto, alguém que eu Amo, e que me Ama, está com a chave dele.
Com 20 primaveras me dei conta de que anéis são desnecessários. No pescoço, fica mais perto do coração!

Andresa Alvez

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