Unha

- Esse é o último ônibus que vamos pegar antes de chegar em casa pessoal! - Eu caminhava em direção ao banco gelado de cimento. Era o último dia do ano e este estava cinza!
Meu corpo permanecia arrepiado por culpa do vento gelado, e por culpa do short muito curto que eu decidi usar naquela viagem.
Sentei e um espaço para mais uma pessoa sobrou ao meu lado direito, não chamei ninguém para ficar ali.
Comecei a olhar atentamente minhas unhas irregulares enquanto passava minhas mãos nos joelhos frios.
Sentou-se rapidamente ao meu lado e segurou meu pulso. Olhei de canto para o sorriso conforme ele conversava com outras pessoas.
Segurou um dos meus dedos e começou a brincar com uma unha; fiz uma careta que dizia “essa-unha-está-mal-feita”. Ele ignorou e continuou...
Todos meus amigos ali fizeram uma roda, colocando suas bolsas no chão e sentando sob elas enquanto esperávamos o ônibus chegar. Planejávamos a respeito da noite, do que faríamos ou deixaríamos de fazer.
E ele ali, do lado direito, brincando com meus dedos e até descascando o esmalte, o que me deixou um pouquinho brava. Abraçou meus braços para me esquentar e me sorriu de novo. O sorriso que me faz esquecer até que eu passaria a festa com uma unha falhada.
Ele estava ali, como eu sempre quis que estivesse. Da maneira certa, no dia certo, no local certo. Na época certa!
Era o dia do fim e do começo, e para variar, ele estava comigo.
Andresa Alvez

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