Íngreme

Imagina um casal de pais que leva seu filho ao médico desde os dois anos e meio, uma vez por mês, ou até mais.
Imagina, esse mesmo casal descobrir que seu filho tem uma doença incurável.
Imagina esse casal passar por crise financeira com uma conta imensa na farmácia pra pagar, com a mensalidade do plano de saúde atrasada e o filho de cama, com a perna quebrada. Não uma fratura qualquer, mas uma que pode deixá-lo sem andar para sempre.
Imagina, em quase todas as datas comemorativas esse filho estar de cama.
Multiplica dor, medo, angústia e preconceito. Triplica insegurança, falta de aceitação e cicatrizes.
Pergunta agora para esses pais, se eles queriam outro filho, ou se eles Amam menos esse que Deus deu a eles.
Pergunta para esse filho, se ele sente vontade de morrer.
As respostas devem estar se formando lentamente em sua cabeça, não estão?
Esse casal existe, esse filho também. Ou melhor, essa filha.
Sejam gratos pelo que vocês têm, e lembrem-se sempre: Tem gente em uma situação pior que a minha.
Eu tento pensar assim, não que eu consiga sempre. Talvez você também não consiga.
Mas sabe, eu não quero a sua riqueza, nem o seu namorado super perfeito. O primeiro eu posso ter, e o segundo, de um jeito meio torto eu tenho.
Eu quero, ou melhor, eu queria ter os seus ossos. A sua formação. E todo o cálcio que existe no seu corpo.
Ser de cristal tem seu lado bom, mas todo cristal quebra, e comigo, não seria diferente, né?
Eu sinto medo de andar, e muitas vezes, até de viver. As circunstâncias me fizeram ficar assim, mas eu sempre tento provar para o mundo o contrário. Não que seja fácil levantar a cabeça e seguir, quando o caminho é íngreme e pode me machucar. Mas eu TENHO que seguir. É por isso que estamos aqui, não?
Seja grato! Por mim, é isso que eu peço!
Se você não quer agradecer por tudo, não o faça. Mas agradeça, por não ser de cristal.

Andresa Alvez

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